Thursday, November 10, 2011

Dias que não são
Que passam
Corroem, amassam
Umas gramas,
Uma noite,
... Artifícios
A bomba de sabão
Bala na boca
Sem disparo
Mas que a qualquer hora,
Quando acaba,
Voa, risca, explode
E mata:
Eu, única testemunha de mim mesmo.

Tuesday, November 09, 2010

Corria. Que de pés vermelhos se fez, de pêlos e tamanhos, tinha. Pra trás as caixas. Cores e linhas. Botões, branco, preto. Sapatos. Coisas que não via. A sala caixa. Céu estufa de alfaces. Tanto corriam. E tanto pra trás doíam, os pés. Altos os sapatos. Corria. Da moça que sabe amor. Sem sobra. Corria sem pé. Nem cabeça mais tinha. Nem moça, nem escolha. Ia. Por fome. Por mais. Por fora dentro. Corria.

Wednesday, November 03, 2010

Quanto mais sinto mais quero me enfiar no limbo que é amanhecer ao léu, com frio e sem sono, "cê não tem um cigarro aí, não?", querendo mais, mais, mais, que anoiteça por favor! Que saiam os tigres de papel de seus esconderijos e se percam no confuso artifício da embriaguez. Na confusa vontade de não ser. Na corda bamba entre amar e fazer mal. Nas entrelinhas de olhos e mãos. Nas horas que ainda faltam.
Há muito tempo os filmes que vejo deixaram de ser felizes. As mocinhas são confusas e os heróis, geralmente, cheiram à cerveja e fumo. E me olhando assim, de perto, tenho a quase impressão de que sou mais um dos inúmeros figurantes dentro da história, a qual, pensei que fosse a minha.
E tento, agora, esquecer das cenas, falas e os finais de frase a rimar. As mais verdadeiras serão as mais duras, sufocantes e curtas. O que vai ficar no final será desorientação, dúvida e nenhuma resposta.
Tudo tem prazo de validade. Tudo.
Então, tapa-me a boca e vem.

Thursday, September 02, 2010


O mar do seu corpo tem algo de coisa não desbravada, meu lugar não é no cais. Entre as suas mãos a mulher canta e o barulho por trás dos violinos não me deixam terminar a frase...

da dualidade

Aquele sorriso era feito da mentira mais pura que um dia houve no mundo
Penetrava na carne e arrancava toda a paz que os comprimidos me traziam
Dava vontade de arrancar-lhe os cabelos e com eles fazer uma peruca pra usar num dia morno de domingo.

Tuesday, August 31, 2010





Ás vezes eu gosto de passar algum batom só pra vê-lo manchar o cigarro.
Rosa, vermelho, passional.
Pra você eu posso ser sempre a mesma, ou nenhuma.
E pra mim, eu sou qualquer coisa.
Depende do vento, da noite, se a cerveja está gelada ou se eu não tenho dor de cabeça.
Depende do jeito do cabelo, do gosto da comida, do silêncio, do medo.
O silêncio do medo.
Eu até gosto da casa vazia quando vejo cenas mudas e belas se dissolvem em frases desnecessárias.
Hoje venta, o batom ficou no cinzeiro, a casa é escura, e é em você que eu vou pensar até que alguém apareça apertando aquela campainha, perguntando 'como vai? vai bem?'...
Eu queria poder responder à todas as suas perguntas.
Mas o cigarro sempre vai pro lixo...e o batom...o batom sempre se gasta, independente da cor.

Friday, May 21, 2010


Ás vezes me sinto como uma Frida manca desfilando no Miss Universo.

Uma pedra na dureza certa de seu sofrimento...imponente e manca, mas nunca imune às ondas de febre e lágrimas secas.

Ela sente e sabe que a vida, mesmo fadada à morte, pode ser qualquer coisa, menos morta.

Friday, April 23, 2010

KARINA BUHR


" Vida que cai em mim, bem vinda seja, nessa tarde que passa mansa e despreocupada comigo

Morte que cai bem, vinde em mim agora, que sou despreocupada comigo

Essa tarde dourada que traz felicidade pras pessoas douradas não me mente mais

Essa tarde que esquenta minha barriga por baixo da blusa preta, e o meu umbigo envolvido nesse calor se faz de morto,

não sente nada, só vazio..."
Ouça.